Código do Trabalho: 97
Categoria: Relato de Caso
Instituição de Ensino: INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DE SANTA CATARINA
Título:
COMPLICAÇÕES MECÂNICAS PÓS-IAM: UM DESAFIO TERAPÊUTICO
Autores:
ALEXANDRE DANIEL DE SOUSA DA SILVA, GILVAN MAGALHÃES PINTO, RICARDO ZANELLA ANTONIOLLI, LUIZ GUSTAVO SOUZA CARDOZO, ANNA CAROLINA RIBEIRO DE OLIVEIRA, KELVIN SCHMOELLER ALBERTON, GABRIEL HENRIQUE SILVA MOREIRA, RODRIGO DE MOURA JOAQUIM, VINICIUS KREPSKY DALMORO
Tema Livre:
Introdução
O infarto agudo do miocárdio (IAM) continua sendo uma das principais causas de
mortalidade cardiovascular, com um aumento significativo nos casos nos últimos anos.
Apesar dos avanços na reperfusão coronariana, as complicações mecânicas pós-IAM
ainda representam um desafio clínico, associando-se a alta morbimortalidade. A ruptura
do septo interventricular (CIV), ruptura da parede livre do ventrículo esquerdo e disfunção
de músculos papilares são as complicações mais comuns. Pacientes idosos e com atraso
na reperfusão estão sob maior risco (1,2). O diagnóstico precoce e
a definição rápida da abordagem terapêutica são cruciais para um melhor prognóstico
(5).
Relato de Caso
Paciente masculino, 84 anos, com histórico de câncer de laringe, deu entrada na
emêrgencia Hospitalar do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina com diagnóstico de
Iam com supra ST ínfero-lateral. Foi administrado AAS (300 mg) e Clopidogrel (600 mg),
seguido de angioplastia primária bem-sucedida do ramo ventricular posterior (VP) da
coronária direita (CD), porém sem sucesso na tentativa de revascularização do ramo
descendente posterior (DP).
Cinco horas após o procedimento, evoluiu com hipotensão severa (80x50 mmHg),
turgência jugular e extremidades frias. O ecocardiograma (POCUS) revelou derrame
pericárdico com restrição diastólica do ventrículo direito (VD), sendo submetido à
drenagem de 285 mL de líquido hemático. O ecocardiograma de controle mostrou fração
de ejeção de 58% e acinesia de parede ínfero-lateral.
No 13° dia de internação, apresentou novo episódio de instabilidade
hemodinâmica e sopro sistólico em borda esternal esquerda. Novo ecocardiograma
confirmou comunicação interventricular (CIV) em segmento apical ínfero-septal de 12 mm,
com repercussão hemodinâmica significativa (Qp/Qs: 2,9, gradiente de 56 mmHg). O
paciente necessitou de suporte com noradrenalina e dobutamina, e no 21° dia de
internação, foi submetido a fechamento percutâneo da CIV com a prótese Cera Muscular
VSD Occluder 20.
A evolução pós-procedimento foi favorável, sem shunt residual ao Doppler e
melhora da fração de ejeção para 36%. Recebeu alta hospitalar após 57 dias de internação
e segue em acompanhamento ambulatorial.
Conclusão
As complicações mecânicas do IAM são eventos raros, mas apresentam alta taxa
de mortalidade (42,4% em IAM com supra de ST). O diagnóstico precoce e a abordagem
rápida são essenciais para um melhor desfecho (4). A
estratégia percutânea tem se consolidado como alternativa em pacientes de alto risco
cirúrgico, proporcionando redução da mortalidade em relação à abordagem convencional
(3). Este caso reforça a importância da suspeita clínica
e do acompanhamento rigoroso para identificação precoce das complicações mecânicas
pós-IAM.
Palavras Chave:
INFARTO DO MIOCÁRDIO; COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR, FECHAMENTO PERCUTÂNEO
Referências:
1. Elbadawi, A., Elgendy, I. Y., Mahmoud, K., Barakat, A. F., Mentias, A., Mohamed,
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2. Lanz, J., Wyss, D., Räber, L., Stortecky, S., Hunziker, L., Blöchlinger, S., … Pilgrim,
T. (2019). Mechanical complications in patients with ST-segment elevation myocardial
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doi:10.1371/journal.pone.0209502
3. Lopez-Sendon J, Gurfinkel EP, Lopez de Sa E, et al. Factors related to heart rupture
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Myocardial Infarction: A Review. JAMA Cardiol. 2021 Mar 1;6(3):341-349. doi:
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5. O'Gara PT, Kushner FG, Ascheim DD, Casey DE Jr, Chung MK, de Lemos JA,
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