03 a 05 de Abril de 2025

Local: CentroSul
Florianópolis - SC



Código do Trabalho: 97

Categoria: Relato de Caso

Instituição de Ensino: INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DE SANTA CATARINA




Título:
COMPLICAÇÕES MECÂNICAS PÓS-IAM: UM DESAFIO TERAPÊUTICO


Autores:
ALEXANDRE DANIEL DE SOUSA DA SILVA, GILVAN MAGALHÃES PINTO, RICARDO ZANELLA ANTONIOLLI, LUIZ GUSTAVO SOUZA CARDOZO, ANNA CAROLINA RIBEIRO DE OLIVEIRA, KELVIN SCHMOELLER ALBERTON, GABRIEL HENRIQUE SILVA MOREIRA, RODRIGO DE MOURA JOAQUIM, VINICIUS KREPSKY DALMORO



Tema Livre:
Introdução O infarto agudo do miocárdio (IAM) continua sendo uma das principais causas de mortalidade cardiovascular, com um aumento significativo nos casos nos últimos anos. Apesar dos avanços na reperfusão coronariana, as complicações mecânicas pós-IAM ainda representam um desafio clínico, associando-se a alta morbimortalidade. A ruptura do septo interventricular (CIV), ruptura da parede livre do ventrículo esquerdo e disfunção de músculos papilares são as complicações mais comuns. Pacientes idosos e com atraso na reperfusão estão sob maior risco (1,2). O diagnóstico precoce e a definição rápida da abordagem terapêutica são cruciais para um melhor prognóstico (5). Relato de Caso Paciente masculino, 84 anos, com histórico de câncer de laringe, deu entrada na emêrgencia Hospitalar do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina com diagnóstico de Iam com supra ST ínfero-lateral. Foi administrado AAS (300 mg) e Clopidogrel (600 mg), seguido de angioplastia primária bem-sucedida do ramo ventricular posterior (VP) da coronária direita (CD), porém sem sucesso na tentativa de revascularização do ramo descendente posterior (DP). Cinco horas após o procedimento, evoluiu com hipotensão severa (80x50 mmHg), turgência jugular e extremidades frias. O ecocardiograma (POCUS) revelou derrame pericárdico com restrição diastólica do ventrículo direito (VD), sendo submetido à drenagem de 285 mL de líquido hemático. O ecocardiograma de controle mostrou fração de ejeção de 58% e acinesia de parede ínfero-lateral. No 13° dia de internação, apresentou novo episódio de instabilidade hemodinâmica e sopro sistólico em borda esternal esquerda. Novo ecocardiograma confirmou comunicação interventricular (CIV) em segmento apical ínfero-septal de 12 mm, com repercussão hemodinâmica significativa (Qp/Qs: 2,9, gradiente de 56 mmHg). O paciente necessitou de suporte com noradrenalina e dobutamina, e no 21° dia de internação, foi submetido a fechamento percutâneo da CIV com a prótese Cera Muscular VSD Occluder 20. A evolução pós-procedimento foi favorável, sem shunt residual ao Doppler e melhora da fração de ejeção para 36%. Recebeu alta hospitalar após 57 dias de internação e segue em acompanhamento ambulatorial. Conclusão As complicações mecânicas do IAM são eventos raros, mas apresentam alta taxa de mortalidade (42,4% em IAM com supra de ST). O diagnóstico precoce e a abordagem rápida são essenciais para um melhor desfecho (4). A estratégia percutânea tem se consolidado como alternativa em pacientes de alto risco cirúrgico, proporcionando redução da mortalidade em relação à abordagem convencional (3). Este caso reforça a importância da suspeita clínica e do acompanhamento rigoroso para identificação precoce das complicações mecânicas pós-IAM.

Palavras Chave:
INFARTO DO MIOCÁRDIO; COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR, FECHAMENTO PERCUTÂNEO

Referências:
1. Elbadawi, A., Elgendy, I. Y., Mahmoud, K., Barakat, A. F., Mentias, A., Mohamed, A. H., … Jneid, H. (2019). Temporal Trends and Outcomes of Mechanical Complications in Patients With Acute Myocardial Infarction. JACC: Cardiovascular Interventions, 12(18), 1825–1836. doi:10.1016/j.jcin.2019.04.039 2. Lanz, J., Wyss, D., Räber, L., Stortecky, S., Hunziker, L., Blöchlinger, S., … Pilgrim, T. (2019). Mechanical complications in patients with ST-segment elevation myocardial infarction: A single centre experience. PLOS ONE, 14(2), e0209502. doi:10.1371/journal.pone.0209502 3. Lopez-Sendon J, Gurfinkel EP, Lopez de Sa E, et al. Factors related to heart rupture in acute coronary syndromes in the Global Registry of Acute Coronary Events. Eur Heart J 2010;31:1449–56. 4. Gong FF, Vaitenas I, Malaisrie SC, Maganti K. Mechanical Complications of Acute Myocardial Infarction: A Review. JAMA Cardiol. 2021 Mar 1;6(3):341-349. doi: 10.1001/jamacardio.2020.3690. PMID: 33295949 5. O'Gara PT, Kushner FG, Ascheim DD, Casey DE Jr, Chung MK, de Lemos JA, Ettinger SM, Fang JC, Fesmire FM, Franklin BA, Granger CB, Krumholz HM, Linderbaum JA, Morrow DA, Newby LK, Ornato JP, Ou N, Radford MJ, Tamis-Holland JE, Tommaso CL, Tracy CM, Woo YJ, Zhao DX. 2013 ACCF/AHA guideline for the management of STelevation myocardial infarction: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol. 2013 Jan 29;61(4):e78-e140. doi: 10.1016/j.jacc.2012.11.019. Epub 2012 Dec 17. PMID: 23256914.