Código do Trabalho: 90
Categoria: Relato de Caso
Instituição de Ensino: HOSPITAL SOS CÁRDIO
Título:
PROCEDIMENTO DE "VALVE-IN-VALVE" MITRAL COM TÉCNICA LAMPOON: DESAFIOS E COMPLICAÇÕES NO MANEJO PERCUTÂNEO
Autores:
RICARDO ZANELLA ANTONIOLLI, LUCAS HENRIQUE SILVA DE FARIAS, LUIZ EDUARDO KOENIG SÃO THIAGO, LUIZ CARLOS GIULIANO, LEANDRO WALDRICH, ANA CAROLINA BUZZI MORAIS , AUGUSTO KENZO COLOMBO IKEDA, BEATRIZ SIMIONATTO DA COSTA, MARIA EDUARDA SELBACH PERTILE
Tema Livre:
INTRODUÇÃO: O tratamento percutâneo das valvopatias é um tópico de grande interesse na cardiologia. O implante percutâneo designado “valve-in-valve” mitral (VIVMitral) tem sido empregado como uma alternativa terapêutica para pacientes de alto risco cirúrgico com disfunção de bioprótese mitral (BPm). A técnica Lampoon tem como principal objetivo prevenir a obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE) durante o procedimento Valve-in-Valve Mitral e deve ser a técnica de escolha em casos específicos de VIVMitral.
Quando uma nova válvula mitral transcateter é implantada dentro de uma bioprótese degenerada, o folheto anterior da válvula mitral pode ser deslocado para a VSVE, causando obstrução dinâmica do fluxo sanguíneo para a aorta.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente do sexo feminino, 83 anos, com histórico de implante de bioprótese mitral em 2014, apresentava dispneia progressiva e limitação nas atividades diárias. O ecocardiograma transtorácico (ECOTT) evidenciou dupla disfunção de bioprótese mitral, com estenose acentuada e insuficiência discreta. Foi optado por realizar o VIVMItral com técnica de Lampoon tendo em vista o alto risco cirúrgico e o alto risco de obstrução da VSVE pós implante da válvula. A técnica de Lampoon é realizada via transcateter e utiliza eletrocautério para dividir longitudinalmente o folheto anterior da valva mitral, impedindo a obstrução da VSVE. O exame pré-alta evidenciou que a bioprótese estava bem posicionada, sem sinais de complicações. Após 5 dias de internação, a paciente recebeu alta, mas retornou a emergência do hospital com sintomas persistentes.
Exames revelaram uma comunicação interatrial (CIA) com importante fluxo do átrio direito para o átrio esquerdo. Levando em consideração a sintomatologia da paciente foi optado por realizar a oclusão da CIA. Cerca de 5 horas após o procedimento, a paciente apresentou dor precordial com aumento dos valores de troponina ultrassensível e sem alterações no eletrocardiograma. O ECOTT, realizado no momento da dor, evidenciou imagem típica da síndrome de takotsubo, e o quadro álgico aliviou espontaneamente após alguns minutos, recebendo alta após três dias de internação.
CONCLUSÃO: Este relato destaca a complexidade do manejo percutâneo em pacientes submetidos a valve-in-valve mitral com técnica Lampoon. A decisão de ocluir a CIA após o procedimento foi fundamentada na persistência dos sintomas e no ECOTT realizado após o procedimento, reforçando a importância do monitoramento clínico e ecocardiográfico desses pacientes. A evolução para síndrome de Takotsubo no pós-operatório ressalta a vulnerabilidade cardiovascular desses pacientes e a necessidade de vigilância para detecção e manejo precoce das complicações.
Palavras Chave:
VALVE IN VALVE MITRAL - TÉCNICA DE LAMPOON
Referências: