03 a 05 de Abril de 2025

Local: CentroSul
Florianópolis - SC



Código do Trabalho: 88

Categoria: Relato de Caso

Instituição de Ensino: INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DE SANTA CATARINA




Título:
DISSECÇÃO CORONÁRIA NO PUERPÉRIO: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO


Autores:
GILVAN MAGALHÃES PINTO, RICARDO ZANELLA ANTONIOLLI, LEANDRO WALDRICH, LUIZ EDUARDO KOENIG SÃO THIAGO, LUIZ CARLOS GIULIANO, VINICIUS KREPSKY DALMORO, KELVIN SCHMOELLER ALBERTON, ALEXANDRE DANIEL DE SOUSA DA SILVA, GABRIEL HENRIQUE SILVA MOREIRA



Tema Livre:
Introdução: A dor torácica no puerpério pode ter etiologias diversas, desde causas benignas até emergências fatais, como tromboembolismo pulmonar, miocardiopatia periparto e dissecção espontânea de artéria coronária (SCAD). A SCAD é uma causa relevante de síndrome coronariana aguda (SCA) em mulheres jovens, sendo responsável por até 25% dos infartos em menores de 50 anos. O puerpério é um período de risco devido a alterações hormonais, inflamação vascular e estresse hemodinâmico. O manejo deve considerar a extensão da dissecção, estabilidade hemodinâmica e presença de isquemia persistente, conforme diretrizes da ESC (European Society of Cardiology) e da SBHCI (Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista). Relato de Caso: Mulher, 27 anos, G2P1A1, puérpera de 11 dias, previamente hígida, apresentou dor torácica retroesternal irradiada para o membro superior esquerdo, associada a náuseas. O eletrocardiograma demonstrou corrente de lesão subepicárdica anterolateral, com imagem em espelho na parede inferior. Evoluiu com parada cardiorrespiratória em fibrilação ventricular, revertida com cardioversão elétrica (360J). Coronariografia de emergência revelou dissecção extensa do tronco da coronária esquerda (TCE) até a DA proximal, sem lesões ateroscleróticas. Foi submetida a angioplastia primária com stent farmacológico do TCE até a DA médio-proximal. Após recruzamento de guias e dilatação do ramo diagonal com kissing balloon (DA/Dg), a dissecção progrediu para a circunflexa (Cx), exigindo nova dilatação com kissing balloon DA/Cx, restabelecendo o fluxo coronariano. O ecocardiograma pós-evento evidenciou hipertrofia excêntrica do ventrículo esquerdo (VE), acinesia da parede anterosseptal, anterior, do ápice e da parede inferior, com fração de ejeção de 41% pelo método de Simpson, compatível com disfunção ventricular moderada. Paciente retornou ao ambulatório após 6 meses, assintomática e sem limitações funcionais. Discussão: A SCAD é uma causa subdiagnosticada de infarto em mulheres jovens sem fatores de risco tradicionais. No puerpério, mecanismos como alterações hormonais, inflamação vascular e estresse hemodinâmico contribuem para sua ocorrência. O tratamento deve ser individualizado, conforme diretrizes da ESC e SBHCI. Para pacientes hemodinamicamente estáveis, a abordagem conservadora pode ser preferível, reduzindo o risco de progressão da dissecção. No entanto, em casos graves, a revascularização percutânea com implante de stents pode ser necessária, como ilustrado neste caso.

Palavras Chave:
DISSECÇÃO CORONÁRIA - PUERPÉRIO - ANGIOPLASTIA

Referências: