03 a 05 de Abril de 2025

Local: CentroSul
Florianópolis - SC



Código do Trabalho: 84

Categoria: Relato de Caso

Instituição de Ensino: INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DE SANTA CATARINA




Título:
MIOCARDIOPATIA PUERPERAL COMO FATOR DESENCADEANTE DA MIOCARDIOPATIA CHAGÁSICA


Autores:
KELVIN SCHMOELLER ALBERTON, GABRIEL HENRIQUE SILVA MOREIRA, VINICIUS KREPSKY DALMORO, LUIZ GUSTAVO SOUZA CARDOZO, ALEXANDRE DANIEL DE SOUSA DA SILVA, ANNA CAROLINA RIBEIRO DE OLIVEIRA, GILVAN MAGALHÃES PINTO



Tema Livre:
Introdução A miocardiopatia puerperal (MCP) é uma forma rara de insuficiência cardíaca que ocorre no final da gestação ou no puerpério, associada a fatores hormonais e inflamatórios. Em pacientes com miocardiopatia chagásica (MCC), a MCP pode atuar como gatilho para descompensação. Este relato descreve um caso de MCP em paciente com infecção chagásica pregressa. Descrição do Caso Mulher, 35 anos, G4P2A2, com histórico de pré-eclâmpsia e diabetes gestacional, apresentava dispneia leve desde o puerpério da terceira gestação, porém não fechava critérios para Insuficiência cardíaca. Quinze dias após o parto da quarta gestação, evoluiu com piora da dispneia, ortopneia, dispneia paroxística noturna e edema periférico. O eletrocardiograma (ECG) revelou ritmo sinusal, sobrecarga de câmaras esquerdas e baixa amplitude em periféricas. O ecocardiograma mostrou hipertrofia excêntrica, disfunção biventricular, FEVE de 24%, insuficiência mitral moderada a grave e aumento biatrial. Troponina inicial de 60,5 ng/mL reduziu para 47 ng/mL, e BNP atingiu 1.785 pg/mL. Sorologia para doença de Chagas IgG+ e IgM-, indicando infecção pregressa. A hipótese de MCP foi considerada pelos critérios da ESC/AHA: insuficiência cardíaca de início recente, FEVE <45%, manifestação no puerpério e ausência de outra causa evidente. A MCP pode ter precipitado a progressão da MCC da fase B2 para C. Apesar da ausência de achados típicos da doença chagásica crônica, a disfunção biventricular, aumento biatrial e baixa voltagem no ECG são compatíveis com MCC. Discussão A presença de sorologia positiva para MCC e o início dos sintomas no puerpério sugerem a MCP como fator desencadeante. A elevação da troponina e BNP confirmou insuficiência cardíaca. A paciente recusou a ressonância magnética cardíaca (RMC) durante a internação e planejava realizá-la ambulatorialmente, mas perdeu seguimento. Como tratamento foi orientado suspensão da amamentação e início de IECA, betabloqueador, antagonista mineralocorticoide, inibidor de SGLT-2, diurético de alça e cabergolina, com melhora inicial dos sintomas. Recebeu alta com acompanhamento planejado e contracepção, mas não retornou às consultas. Conclusão Este caso reforça a importância da suspeição diagnóstica da MCP em pacientes com insuficiência cardíaca no puerpério, especialmente na presença de doença de Chagas. A interação entre MCP e MCC pode influenciar a gravidade e o prognóstico. O acompanhamento rigoroso é essencial para evitar descompensação futura.

Palavras Chave:
MIOCARDIOPATIA PUERPERAL; MIOCARDIOPATIA CHAGÁSICA; DOENÇA DE CHAGAS; INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

Referências: