Código do Trabalho: 82
Categoria: Relato de Caso
Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA - UNISUL
Título:
OCLUSÃO PERCUTÂNEA DE COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR APÓS ENDOCARDITE INFECCIOSA COM EMBOLIZAÇÃO PULMONAR.
Autores:
MAILI DA SILVA RITTA, MORGANA OLIVEIRA DE SOUSA, CAROLINA NARLOCH TEIXEIRA, ANA BEATRIZ DOS REIS, LUANA DANCONA BACKER, GILVAN MAGALHÃES PINTO, GUSTAVO HENRIQUE BREGAGNOLLO, RODRIGO DE MOURA JOAQUIM
Tema Livre:
INTRODUÇÃO:
A Comunicação Interventricular (CIV) é uma descontinuidade do septo interventricular, responsável por cerca de 45,6% dos casos de defeitos cardíacos congênitos. A CIV ocasiona shunt entre câmaras cardíacas predispondo a complicações como a endocardite.
O tratamento da CIV baseia-se em cirurgias abertas, as quais apresentam maiores riscos de surgimento de arritmias cardíacas, maior morbimortalidade, e efeitos psicológicos indesejados. A oclusão percutânea torna-se a alternativa mais adequada, evitando a cirurgia aberta convencional, otimizando o tratamento da doença de forma menos invasiva e reduzindo possíveis complicações.
Este relato busca descrever um caso de CIV complicada por endocardite bacteriana e embolia séptica, cuja resolução se deu via transcateter.
DESCRIÇÃO DO CASO:
Paciente do sexo feminino, 19 anos, diagnosticada na infância com comunicação interventricular (CIV), admitida em emergência hospitalar com petéquias em membros inferiores, febre de 39 graus, taquicardia e dispneia. Tomografia de tórax demonstrou extensas lesões embólicas bilaterais sépticas. Devido a essas manifestações imunológicas em membros inferiores e embólicas pulmonares, foi aventada a hipótese de Endocardite Infecciosa. Realizado Ecocardiograma transtorácico, o qual demonstrou CIV perimembranosa com repercussão hemodinâmica, aumento de câmaras direitas sem disfunção ventricular esquerda, e imagens sugestivas de vegetações de 1,4 cm junto à CIV. Foi optado por iniciar tratamento da infecção com antibiótico endovenoso de amplo espectro, sendo a terapia de escolha ampicilina + gentamicina por tempo prolongado (6 semanas). Após resolução da endocardite, foi realizada oclusão do defeito septal por via percutânea. Procedimento ocorreu sem intercorrências, realizado através de dois acessos com ventriculografia esquerda, revelando comunicação interventricular perimembranosa de 7 mm e guiado pelo ecocardiograma transesofágico foi realizada oclusão percutânea do defeito com prótese dedicada de 10 mm. Após 48 horas de estabilidade e ausência de intercorrências clínicas, a paciente teve alta hospitalar e no momento segue em acompanhamento ambulatorial, sem recorrência de sintomas ou novas intercorrências nos primeiros 6 meses.
CONCLUSÕES:
Há indicação formal de oclusão da CIV após complicações infecciosas relacionadas ao defeito, além das indicações clássicas de sobrecarga de câmaras cardíacas e síndrome de insuficiência cardíaca. A morbimortalidade desses pacientes é elevada diante de cirurgia convencional a longo prazo, por isso o tratamento percutâneo pode ser preferencial, mesmo na vigência de complicação infecciosa com resolução adequada do defeito, sem maiores complicações ou recorrência infecciosa no dispositivo. A abordagem percutânea menos invasiva deve se tornar regra sempre que a anatomia favorecer sua oclusão, independente da indicação inicial.
Palavras Chave:
OCLUSÃO PERCUTÂNEA, COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR, ENDOCARDITE
Referências:
1. Comissão Europeia EUROCAT Prevalence charts and tables. Acessado em https://eu-rd-platform.jrc.ec.europa.eu/eurocat/eurocat-data/prevalence_en.
2. Prendergast BD. The changing face of infective endocarditis. Heart.2006;92(7):879-85.
3. Mariel E. Turner, Ismail Bouhout, Christopher J. Petit, David Kalfa, Transcatheter Closure of Atrial and Ventricular Septal Defects: JACC Focus Seminar, Journal of the American College of Cardiology, Volume 79, Issue 22,2022,Pages 2247-2258.