Código do Trabalho: 68
Categoria: Estudo
Instituição de Ensino: HOSPITAL SOS CÁRDIO
Título:
RESULTADOS DA ABLAÇÃO POR CATETER PARA FIBRILAÇÃO ATRIAL EM PACIENTES DO SEXO FEMININO NO BRASIL
Autores:
GRAZYELLE R DAMASCENO, ISABELLA BIANCO, CAIQUE M P TERNES, PEDRO BURIGO COSTA, GABRIEL ODOZYNSKI, CLOVIS FROEMMING JUNIOR, BRUNA MIERS MAY, ALEXANDER DAL FORNO, ANDRÉ D’AVILA
Tema Livre:
Fundamentos:
As diferenças entre os sexos nos desfechos da ablação da fibrilação atrial (FA) têm sido cada vez mais reconhecidas. Em comparação aos homens, as mulheres geralmente se apresentam em idades mais avançadas, com sintomas mais graves e maior comprometimento estrutural do coração, o que pode influenciar tanto o sucesso do procedimento quanto as taxas de complicações. Estudos sugerem que, apesar de serem menos propensas a realizar a ablação por cateter, as mulheres tendem a apresentar pior qualidade de vida relacionada à arritmia e maior carga de sintomas após a ablação. Compreender essas diferenças é fundamental para otimizar as estratégias de tratamento e garantir um cuidado equitativo entre os sexos no manejo da FA.
Métodos:
O SBR-AF foi uma coorte prospectiva multicêntrica que incluiu pacientes submetidos à primeira ablação por cateter em três centros no Brasil, de 2009 a 2024. Neste estudo realizamos a análise post-hoc que teve como objetivo avaliar as diferenças nos desfechos clínicos relacionadas ao sexo. O desfecho primário foi qualquer recorrência de taquiarritmia atrial ≥ 30 segundos, documentada por ECG, Holter ou teste ergométrico. Os pacientes foram acompanhados por pelo menos 1 ano. A diferença na ocorrência de complicações entre os sexos foi avaliada pelo teste exato de Fisher. A análise de sobrevida foi realizada pelo método de Kaplan-Meier.
Resultados:
Um total de 1.043 pacientes (idade média de 67,3 ± 11,3 anos) foi submetido à primeira ablação por cateter para FA durante esse período, incluindo 291 (27,9%) mulheres. As pacientes do sexo feminino eram mais velhas no momento do procedimento (70,7 vs. 66,8 anos), e 74,7% das mulheres apresentaram escore CHA₂DS₂-VASc ≥ 2, em comparação com 48,5% dos homens. Além disso, 16,9% das mulheres tinham FA persistente, versus 27,4% da população masculina. Não houve diferença estatisticamente significativa na recorrência de taquiarritmia atrial entre homens e mulheres durante todo o seguimento (20,4% vs. 23,7%; p = 0,17). A taxa total de complicações foi de 2,1%, sem diferença significativa entre sexo feminino e masculino (0,7% vs. 1,4%; p = 0,5).
Conclusão:
Na maior coorte de ablação de FA no Brasil, as pacientes do sexo feminino eram mais velhas que os pacientes do sexo masculino e apresentavam maior risco de AVC de acordo com o escore CHA₂DS₂-VASc. As taxas de recorrência foram semelhantes entre homens e mulheres, e não foram observadas disparidades relacionadas ao sexo na eficácia ou nas complicações do procedimento de ablação por cateter para FA neste estudo.
Palavras Chave:
ARRITMIAS CARDÍACAS; FIBRILAÇÃO ATRIAL; ABLAÇÃO POR CATETER.
Referências: