Código do Trabalho: 64
Categoria: Relato de Caso
Instituição de Ensino: CLINICA RITMO - HOSPITAL SOS CARDIO
Título:
BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR TOTAL E CARDIOMIOPATIA INDUZIDA PELO MARCAPASSO COMO MANIFESTAÇÃO DE ESCLEROSE SISTÊMICA – RELATO DE CASO.
Autores:
ANDRE PACHECO SILVA, ALEXANDER DAL FORNO, ANDRÉ LUIZ BUCHELE D’AVILA, PEDRO BURIGO COSTA, HELCIO GARCIA NASCIMENTO, CLÓVIS FROEMMING JR, BRUNA MIERS MAY, ANDREI LEWANDOWSKI, LUCIANO RAMOS BOFF
Tema Livre:
Introdução: Esclerose sistêmica (ES) é uma doença autoimune rara, heterogênea, com significativa morbidade e mortalidade cardiopulmonar. É mais conhecida a associação de ES e hipertensão pulmonar, hipertensão arterial, pericardite e fibrilação atrial, porém as manifestações cardiológicas podem ser diversas e graves.
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 40 anos, sem sintomas cardiológicos prévios ou história familiar de cardiopatia, internou em outra instituição por bloqueio atrioventricular (BAV) total, eletrocardiograma com QRS estreito e baixa voltagem difusa. Ao ecocardiograma fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) 60%, sem dilatação ou hipertrofia ventricular. Coronariografia sem lesões obstrutivas. Submetido a implante de marcapasso definitivo convencional. Evoluiu com dispnéia aos pequenos esforços persistente , e após cerca de 2 meses iniciou palpitações, sendo admitido em nosso serviço em taquiarritmia atrial sintomática com reversão espontânea, com QRS de 160 ms em estimulação ventricular por marcapasso. Observado lesões de pele com aspecto de sal e pimenta, acometimento de face, mãos, antebraços, braços, tronco e abdome, com cerca de 2 anos de evolução, além de edema de dedos de mãos, sintomas de artralgias e fadiga. A biópsia de pele demonstrou quadro histológico compatível com esclerodermia, confirmando o diagnóstico de esclerose cutânea difusa.
Exames laboratoriais: hemograma normal, proteína C reativa 10,8 (mg/l), troponina ultrasensível em platô de 378 a 469 ng/L (ref <57), BNP 284 pg/ml. Ao ecocardiograma FEVE 38%, PSAP 26 mmHg. A ressonância cardíaca evidenciou FEVE 45%, diâmetros de VE 58 x 47 mm, septo 11 mm, parede lateral 9 mm; realce tardio com áreas multifocais, subepicárdica e mesocardica em região ântero-septal basal, nos pontos de inserção superior e inferior do ventrículo direito (VD), se estendendo para porção subendocárdica do VD, além de realce importante subendocárdico em parede ínfero-lateral do VE. Tomografia de tórax sem alterações. A tomografia por emissão de pósitrons associada à tomografia computadorizada (PET/CT) com fluordeoxiglicoseflúor-18 (PET CT 18F-FDG) demonstrou pequena área com processo inflamatório de baixa atividade (SUV = 2,9) na parede basal anterosseptal do VE, sem alterações perfusionais miocárdicas em repouso ao SPECT.
Foi iniciado metotrexato, e indicado mudança da forma de estimulação para marcapasso ressincronizador ou estimulação fisiológica em ramo esquerdo.
Conclusão: Bloqueios atrioventriculares de alto grau em pacientes com ES são raros, com cerca de menos de 2% dos casos de acometimento cardíaco. Foi observado disfunção ventricular esquerda após implante de marcapasso com eletrodo em VD, conhecido como cardiomiopatia induzido pelo marcapasso, em paciente com extensa fibrose miocárdica multifocal.
Palavras Chave:
BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR, CARDIOMIOPATIA INDUZIDA PELO MARCAPASSO, ESCLEROSE SISTÊMICA
Referências: