03 a 05 de Abril de 2025

Local: CentroSul
Florianópolis - SC



Código do Trabalho: 52

Categoria: Relato de Caso

Instituição de Ensino: HOSPITAL REGIONAL HOMERO DE MIRANDA GOMES




Título:
DESAFIOS DIAGNÓSTICOS NA ENDOCARDITE INFECCIOSA: RELATO DE CASO COM APRESENTAÇÃO ATÍPICA


Autores:
MARIELA GOULART ADAMES, ADEMAR NIENKOETTER CARPES, ISABELLA RAMOS DE AQUINO



Tema Livre:
Introdução: A endocardite infecciosa é uma condição complexa e em crescente incidência (1), associada a complicações graves, hospitalizações prolongadas e alta morbimortalidade (2,3). Apesar dos avanços terapêuticos e tecnológicos, a doença permanece um desafio (2,3), devido a fatores como culturas negativas, doenças associadas e variedades terapêuticas (3). O relato descreve a dificuldade encontrada em diagnosticar endocardite em um paciente jovem. Descrição do caso: Homem, 32 anos, sem comorbidades, histórico de tatuagens e uso esporádico de cocaína, sem uso de drogas injetáveis, queixa de cefaleia frontal persistente, contínua, sem fotofobia ou fonofobia, e febre intermitente com calafrios há 4 meses. Relata tratamento para sífilis com 2.400.000 UI de penicilina, em três doses semanais, há 20 dias. Apesar da terapia, manteve cefaleia e febre não aferida, e evoluiu com fraqueza nos membros inferiores. Na admissão, taquicárdico, com parestesia nos membros inferiores e paresia parcial dos pés. A análise do líquor mostrou ausência de celularidade, com proteínas e glicose normais. No entanto, foi iniciado penicilina cristalina pelo FTA-ABS IgG positivo no líquor. A neurossífilis foi considerada pela combinação de sintomas e laboratoriais. Exames com anemia, leucocitose sem desvio, elevação de CK (2474 U/L) e troponina (752). As sorologias para HIV, hepatites B e C e CMV foram negativas, VDRL ½, IgG positivo e IgM negativo para toxoplasmose e Epstein-Barr. Devido a persistência da febre, taquicardia, parestesia nos membros inferiores e sopro sistólico em foco mitral, foi realizado o ecocardiograma transtorácico, que evidenciou endocardite infecciosa com vegetação, perfuração da válvula mitral e insuficiência mitral grave. Foi iniciado tratamento com oxacilina, ceftriaxona e ampicilina após coleta de hemoculturas, todas negativas, manteve-se o esquema inicial por 6 semanas. A RNM de crânio revelou focos de restrição à difusão, sugerindo infartos recentes por provável embolia séptica. A eletroneuromiografia dos membros inferiores indicou polineuropatia periférica sensitivo-motora, axonal, distal assimétrica, sugestivo de neuropatia crônica inflamatória, tóxica ou medicamentosa. Devido à evolução do quadro, o paciente foi submetido à troca da válvula mitral por prótese mecânica ON-X. O ecocardiograma pós cirúrgico mostrou prótese normofuncionante e insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida. No momento, apresenta leve parestesia no pé direito, sem outras queixas. Conclusão: O diagnóstico de endocardite infecciosa é complexo devido à diversidade de sintomas e fatores complicadores. Este caso destaca a importância de considerar a endocardite quando há persistência de sintomas inexplicáveis ou ausência de melhora após o tratamento inicial. Ressaltamos que sintomas de diferentes doenças podem se assemelhar, como ocorreu com a neurossífilis neste relato, enfatizando a necessidade de uma avaliação cuidadosa para evitar atrasos diagnósticos.

Palavras Chave:
ENDOCARDITE INFECCIOSA, NEUROSSÍFILIS, DOENÇAS DAS VALVAS CARDÍACAS

Referências:
1. Vincent LL, Otto CM. Infective Endocarditis: Update on Epidemiology, Outcomes, and Management. Current Cardiology Reports [Internet]. 2018 Aug 16;20(10). 2. Mutagaywa RK, Vroon JC, Fundikira L, Anna Maria Wind, Kunambi P, Manyahi J, et al. Infective endocarditis in developing countries: An update. Frontiers in Cardiovascular Medicine. 2022 Sep 12;9. 3. Sousa C, Pinto FJ. Endocardite Infecciosa: Ainda mais Desafios que Certezas. Arquivos Brasileiros de Cardiologia [Internet]. 2022 May 13;118:976–88.