03 a 05 de Abril de 2025

Local: CentroSul
Florianópolis - SC



Código do Trabalho: 48

Categoria: Relato de Caso

Instituição de Ensino: HOSPITAL REGIONAL HOMERO DE MIRANDA GOMES




Título:
SEROSITES PLEUROPERICÁRDICA EM PACIENTE JOVEM: TUBERCULOSE EXTRA PULMONAR


Autores:
MARIELA GOULART ADAMES, REINALDO ROLDÃO D’AVILA JUNIOR, GUSTAVO DE ARAUJO PINTO , GABRIELA MAGALHÃES GRUBERT, ISABELLA RAMOS DE AQUINO



Tema Livre:
Introdução: Cerca de 25% da população está contaminada pela bactéria da tuberculose (TB) (1). Porém, nem todos desenvolverão a doença e, em casos raros, podem surgir manifestações extrapulmonares (2). O derrame pleural como manifestação extrapulmonar é comum (3), enquanto o derrame pericárdico é menos frequente e está associado a complicações mais graves (4,5). Atrasos no diagnóstico e tratamento das manifestações extrapulmonares aumentam a morbimortalidade (4,5). Por outro lado, o início precoce do tratamento resulta em uma excelente resposta terapêutica (5). O presente relato destaca a importância do diagnóstico e tratamento precoce da tuberculose extrapulmonar. Descrição do caso: Homem, 37 anos, hígido, apresentando tosse seca há 4 semanas, perda de 4kg, febre e sudorese predominantemente noturna. Fez uso de amoxicilina/clavulanato e claritromicina por 7 dias, sem resposta clínica. Procurou atendimento devido à persistência dos sintomas e piora progressiva da dispneia, inicialmente aos esforços moderados, evoluindo para esforços mínimos. Na admissão, estava eupneico em repouso, taquicárdico e com demais sinais vitais estáveis. O exame físico revelou abafamento das bulhas cardíacas, sem turgência jugular. A tomografia mostrou consolidação no segmento posterior do lobo superior direito, lesões em árvore em brotamento, pequeno derrame pleural bilateral e importante derrame pericárdico (42 mm). A ecocardiografia confirmou derrame pericárdico difuso, com sinais de tamponamento cardíaco. Devido ao quadro clínico e ecocardiográfico, foi indicada mediastinotomia, drenando 500 ml de líquido pericárdico serohemático e 100 ml de líquido pleural. As análises laboratoriais de ambos os líquidos evidenciaram um padrão exsudativo, níveis elevados de adenosina e resultados negativos para BAAR e culturas. As sorologias para sífilis, HIV, hepatites, toxoplasmose, citomegalovírus e HTLV foram negativas. O lavado broncoalveolar foi positivo para Mycobacterium tuberculosis. A biópsia do pericárdio revelou inflamação crônica granulomatosa com características tuberculóides. Foi iniciada Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol (RIPE) no 1º dia da internação, devido à forte suspeita clínica, com o objetivo de prevenir complicações. Diante da melhora clínica e tomográfica, o paciente recebeu alta no 15º dia de internação, com acompanhamento em centro especializado. O esquema inicial foi mantido por 2 meses, com prednisona, seguido de rifampicina e isoniazida por mais 4 meses. Após 6 meses, o paciente encontra-se assintomático. Conclusão: O relato destaca a importância do diagnóstico e tratamento precoce da TB, especialmente em suas formas extrapulmonares. A rápida identificação do tamponamento cardíaco, aliada à abordagem imediata e ao início precoce do esquema de RIPE, foram cruciais para a excelente resposta terapêutica. Além disso, o acompanhamento contínuo e a adesão rigorosa ao tratamento foram fundamentais para a plena recuperação do paciente.

Palavras Chave:
TUBERCULOSE, TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR, DERRAME PLEURAL, DERRAME PERICÁRDICO

Referências:
WHO. Tuberculosis [Internet]. World Health Organization. 2024. Available from: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/tuberculosis Sharma SK, Mohan A, Kohli M. Extrapulmonary tuberculosis. Expert Review of Respiratory Medicine. 2021 Jul 1;15(7):931–48. Zhai K, Lu Y, Shi HZ. Tuberculous pleural effusion. Journal of Thoracic Disease. 2016 Jul;8(7):E486–94. Isiguzo G, Du Bruyn E, Howlett P, Ntsekhe M. Diagnosis and Management of Tuberculous Pericarditis: What Is New? Current Cardiology Reports. 2020 Jan;22(1). Cherian G. Diagnosis of tuberculous aetiology in pericardial effusions. Postgraduate Medical Journal. 2004 May 1;80(943):262–6.