Código do Trabalho: 44
Categoria: Estudo
Instituição de Ensino: HOSPITAL REGIONAL HANS DIETER SCHMIDT
Título:
USO DE DAPAGLIFLOZINA EM PACIENTES COM CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA E SINTOMAS POR DISFUNÇÃO DIASTÓLICA
Autores:
ESTHER BOTELHO SOARES DA SILVA, KÁRILA SCARDUELLI LUCIANO, BEATRIZ VIEIRA ROCA, CONRADO ROBERTO HOFFMANN FILHO, ANA CAROLINA GERN JUNQUEIRA BORNSCHEIN, RAFAELA LOUISE SALES, TAMIRES ALMEIDA MORAES, RICARDO FELIPE RAMOS, RAFAEL DE MARCH RONSONI
Tema Livre:
Introdução: Dapagliflozina, um inibidor do cotransportador de Sódio-Glicose 2 (iSGLT2), apresenta benefícios em pacientes com disfunção diastólica, mas sua eficácia em cardiomiopatia hipertrófica (CMH) não foi avaliada em ensaios clínicos. Este estudo teve como objetivo avaliar o impacto do iSGLT2 na redução de sintomas e melhora da capacidade funcional em pacientes com CMH. Métodos: Estudo observacional, prospectivo, realizado em um hospital público de cardiologia. Foram incluídos, entre junho de 2023 e abril de 2024, 14 pacientes consecutivos com CMH em uso de betabloqueadores (BB) com dose otimizada e que permaneceram sintomáticos apesar do controle da frequência cardíaca entre 60 e 65 bpm. Excluíram-se pacientes com disfunção sistólica ou em uso prévio de iSGLT2. Dados clínicos e de imagem foram avaliados. Os pacientes inicialmente preencheram o Kansas City Cardiomyopathy Questionnaire (KCCQ-12) e realizaram teste de caminha da 6 minutos (TC6M) e então foi associado dapagliflozina 10mg. Após 8 semanas da associação, foi repetido KCCQ-12 e TC6M. A análise estatística foi descritiva, em planilha Excel®. Resultados: Do total, 2 pacientes interromperam a medicação antes de 8 semanas: um por infecção urinária e outro durante internação por dengue, dos 12 restantes, 66% eram do sexo feminino, com média de idade de 60,8 anos (extremos 47 e 72). O tamanho do septo interventricular variou de 15-23 mm, diâmetro de átrio esquerdo entre 32-45 mm e gradiente de via de saída do ventrículo esquerdo (VE) de 0-116 mmHg, sendo que 25% do total da amostra era obstrutivo grave. Fração de ejeção do VE variou de 55%-76% (média: 65%). A disfunção diastólica foi grau I ou II em proporção igual. No TC6M inicial, a distância foi de 280-485m (média: 398m), e após 8 semanas, de 310-550m (média: 455 m). O KCCQ-12 mostrou melhora: a pontuação geral passou em 8 semanas de média 57 para 65. Limitação física passou de média 41,6 (extremos 8,3 a 58,3) para 49,9 (extremos 8,3 a 66,6). Qualidade de vida aumentou de média 53,1 (extremos 0 a 75) para 59,3 (extremos 12,5 a 75). A pontuação de sintomas melhorou de média 74,9 para 83,3. A limitação social melhorou de média 58,3 para 67,3. Após 8 semanas, apenas 1 paciente optou em suspender a medicação por ausência de percepção de melhora nos sintomas. Discussão: Nossa amostra apresentou melhora na pontuação do KCCQ-12 e TC6M na maioria dos pacientes com CMH tratados com associação de BB e dapagliflozina por 2 meses. Este estudo apresenta limitações pelo tamanho da amostra, pela seleção de pacientes com fenótipos variados (obstrutivos e não obstrutivos) e pelo seu desenho epidemiológico, sendo que sua natureza observacional impede o estabelecimento de causalidade entre o uso de iSGLT2 e a melhoria dos resultados clínicos. Portanto, apesar de sugerir uma nova possibilidade de tratamento neste subgrupo de pacientes diante de um cenário com poucas opções terapêuticas, a análise dos dados deve ser interpretada com cautela.
Palavras Chave:
CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA, DISFUNÇÃO DIASTÓLICA, ESTUDO OBSERVACIONAL
Referências:
JUNG, Mi-Hyang et al. Sodium–glucose cotransporter-2 inhibitors and clinical outcomes in patients with hypertrophic cardiomyopathy and diabetes: A population-based cohort study. European Journal of Preventive Cardiology, p. zwae345, 2024.
WIJNKER, Paul JM et al. Hypertrophic cardiomyopathy dysfunction mimicked in human engineered heart tissue and improved by sodium–glucose cotransporter 2 inhibitors. Cardiovascular research, v. 120, n. 3, p. 301-317, 2024.