Código do Trabalho: 37
Categoria: Relato de Caso
Instituição de Ensino: UNISUL - PEDRA BRANCA
Título:
DO CORAÇÃO AO BAÇO: ESPLÊNICO COMO SINAL CARDIOEMBÓLICO
Autores:
GIOVANNA PILLA SEVERO, GILVAN MAGALHÃES PINTO, LUCCA ANTONINI SAVAS, ANA LAURA SPILLERE BUDNY, MANUELA CARDOSO BIFF, CAROLINA HUEDEPOHL MARQUES VIEIRA, BRUNO COELHO SINISCALCHI, LUÍSA GOBBI MOCELIN, BÁRBARA MATTOS LUZ
Tema Livre:
Introdução:
A dor abdominal é um sintoma comum com diversas etiologias, desde condições benignas até emergências graves. Entre as causas menos frequentes, o infarto esplênico pode ser um sinal de eventos cardioembólicos, especialmente em pacientes com fatores de risco como a síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF), que afeta 1-5% da população e causa embolias em até 30% dos casos sem tratamento. A endocardite de Libman-Sacks (ELS), uma complicação rara de SAF (1-6%), foi o foco deste caso, onde o infarto esplênico foi o primeiro sinal de uma condição subjacente.
Relato do Caso:
Homem, 35 anos, tabagista (10 maços/ano), com febre reumática até os 21 anos e hipertensão, chegou ao Hospital Regional de São José em julho de 2024 com dor em flanco esquerdo há 4 dias, febre, sudorese e calafrios, sem anticoagulação prévia. Tomografia abdominal confirmou infarto esplênico. Exame revelou sopro sistólico aórtico. Eletrocardiograma (ECG) mostrou sobrecarga ventricular esquerda. Ecocardiograma transesofágico identificou massa (2,0 x 1,7 cm) na válvula aórtica, com insuficiência grave. Seis hemoculturas foram negativas. Leucograma normal, PCR elevado, troponina normal e fator reumatoide não reagente. SAF primária foi confirmada (anti-β2-glicoproteína, anticardiolipina, anticoagulante lúpico positivos), com proteinúria de 513 mg/24h. Transferido ao Instituto de Cardiologia de SC, realizou troca valvar aórtica mecânica.
Discussão:
A ELS em SAF forma vegetações estéreis (<10 mm), mas neste caso, a massa (2,0 x 1,7 cm) na válvula aórtica foi potencializada por valvopatia reumática basal. Com incidência baixa (1-6%), o risco tromboembólico é alto com anticorpos antifosfolípides elevados. O diagnóstico baseou-se em um critério maior (massa ecocardiográfica) e três menores (embolia esplênica, febre, valvopatia), adaptados aos critérios de Duke. PCR elevado sugere inflamação, e hemoculturas negativas sugere endocardite não infecciosa. O infarto esplênico reflete a falta de anticoagulação, e a troca valvar foi essencial pela insuficiência grave.
Conclusão:
O paciente evoluiu bem pós-cirurgia, mas este caso destaca a gravidade da ELS em SAF, uma condição rara que exige anticoagulação indefinida devido ao risco de recorrência de 20-30%. Dor abdominal atípica, especialmente em pacientes com histórico de doenças autoimunes, deve levar a uma avaliação cardíaca urgente para identificar fontes cardioembólicas e prevenir complicações potencialmente fatais.
Palavras Chave:
INFARTO ESPLÊNICO, ENDOCARDITE, LIBMAN-SACKS, VEGETAÇÃO
Referências: