Código do Trabalho: 30
Categoria: Estudo
Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA - UNISUL PEDRA BRANCA
Título:
MORTALIDADE PREMATURA POR DOENÇAS DO APARELHO CIRCULATÓRIO NO BRASIL NO PERÍODO DE 2014 A 2023: ANÁLISE DO PADRÃO TEMPORAL
Autores:
GIULIA RECHE ZULIANELLO, JOÃO MARCOS B. VASCONCELOS, BRUNA STELLA ZANOTTO, JÉSSICA INGRIDY BERNARDI, ARGOS FERNANDES MARTINS, KLAIVERT JÚNIOR PISTOR, VITOR MARINHO MORAIS, FRANCIELE CASCAES
Tema Livre:
Introdução: Nos países desenvolvidos, a mortalidade prematura (faixa etária de 30-69 anos) por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) corresponde a menos de 13% dos casos. Dentre as DCNT, as doenças do aparelho circulatório são a principal causa de morte no mundo. No Brasil, entre 1980 e 2019, foram registrados 10.836.004 óbitos por doenças do aparelho circulatório, com tendência de redução em todo o país ao longo do período, passando de 233,26 para 111,58 óbitos por 100.000 habitantes. Fatores como idade, sexo, estilo de vida, genética e vulnerabilidade socioeconômica influenciam na mortalidade prematura por doenças do aparelho circulatório. O objetivo do estudo foi analisar o padrão temporal da mortalidade prematura por doenças do aparelho circulatório no Brasil no período de 2014 a 2023.
Método: Estudo ecológico de séries temporais baseado nos óbitos prematuros por doenças do aparelho circulatório (CID-10 I00-I99) registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). A tendência foi avaliada pelo modelo de regressão Joinpoint, calculando-se a annual percentage change (APC) e a average annual percentage change (AAPC) com intervalo de confiança de 95%.
Resultados: De 2014 a 2023, ocorreram 1.394.486 óbitos prematuros por doenças do aparelho circulatório no Brasil (138,8/100 mil habitantes). A taxa de mortalidade reduziu de 142,23/100 mil habitantes em 2014 para 137,00/100 mil em 2023. Entre 2014 e 2020, houve redução não significativa (APC=-1,30; p=0,08), seguida de aumento não significativo entre 2020 e 2023 (APC=1,34; p=0,26). A mortalidade prematura foi maior no sexo masculino (177,77/100 mil) comparado ao feminino (102,71/100 mil). Nos homens, houve redução significativa entre 2014 e 2020 (APC=-1,13; p=0,03) e aumento significativo entre 2020 e 2023 para as faixas de 30-39 anos (APC=5,09; p<0,001) e 40-49 anos (APC=3,02; p=0,01). Em mulheres, a redução foi significativa em todo o período (APC=-0,89; p=0,01), especialmente nas faixas de 40-49 anos (APC=-1,82; p<0,001) e 60-69 anos (APC=-2,07; p<0,001). Entre os principais grupos de doenças, houve redução significativa da mortalidade por doenças cerebrovasculares (APC masculino=-1,39; p<0,001; feminino=-2,18; p=0,03) e infarto agudo do miocárdio (APC masculino=-0,94; p<0,001; feminino=-1,43; p<0,001). A mortalidade por aterosclerose diminuiu entre 2018 e 2021 (APC masculino=-16,45%; p<0,001), seguida por aumento entre 2021 e 2023 (APC masculino=30,45%; p<0,001).
Conclusão: A tendência de redução entre 2014 e 2020 foi seguida por um aumento entre 2020 e 2023, especialmente em homens de 30-49 anos, sugerindo impactos da pandemia na prevenção e acesso à saúde. A redução da mortalidade feminina sugere maior adesão a estratégias de prevenção. Políticas direcionadas à população masculina jovem e de meia-idade, incluindo campanhas de conscientização e melhorar a atenção primária, são essenciais para conter o aumento da mortalidade prematura por doenças do aparelho circulatório no Brasil.
Palavras Chave:
MORTALIDADE PREMATURA. DOENÇAS CARDIOVASCULARES. EPIDEMIOLOGIA.
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