03 a 05 de Abril de 2025

Local: CentroSul
Florianópolis - SC



Código do Trabalho: 27

Categoria: Relato de Caso

Instituição de Ensino: HOSPITAL REGIONAL DE SÃO JOSÉ




Título:
SÍNDROME DE KOUNIS INDUZIDA POR MÚLTIPLAS PICADAS DE VESPA: RELATO DE CASO


Autores:
NICOLE FRACASSO BROCCO, YASMIM ARIEL DELEVATTI, MICHEL STASIAK BAHNIUK, NICOLLE STASIAK BAHNIUK, DANIEL MEDEIROS MOREIRA, IGOR IGARÇABA KOVALTCHUK, GABRIELLE CRISTINA RAIMUNDO, MARIA LUÍSA PINHEIRO E SILVA, LUÍSA MARIA BALBINOT



Tema Livre:
Introdução: A síndrome de Kounis (SK) é uma condição rara que relaciona reações alérgicas agudas à síndrome coronariana aguda (SCA). Essa condição foi descrita em pacientes após exposição a alérgenos, como medicamentos, alimentos e picadas de insetos. Os sintomas comuns incluem dor no peito, dispneia, eritema, erupções cutâneas, hipotensão, urticária e prurido. A fisiopatologia envolve ativação de mastócitos, extravasamento de plasma, edema tecidual, inflamação e recrutamento de leucócitos, induzindo espasmo da artéria coronária, erosão ou ruptura de placas ateroscleróticas, levando a eventos coronarianos agudos. Discussão do caso: Um homem de 58 anos, sem comorbidades, foi picado por 10 vespas, apresentando urticária leve, mas sem sintomas respiratórios ou cardiovasculares. No dia seguinte, após ser picado por mais 30 vespas, desenvolveu dor intensa na região cervical e no ombro, mas negou dor no peito. Ele buscou atendimento em uma Unidade Básica de Saúde e foi encaminhado para uma Unidade de Pronto Atendimento devido à persistência da dor. Um eletrocardiograma (ECG) inicial mostrou uma zona eletricamente inativa na parede inferior e o nível de troponina foi de 7.073 ng/L (valor de referência < 15), confirmando lesão miocárdica. O paciente foi transferido para um hospital, onde chegou hemodinamicamente estável, negando dispneia, dor no peito ou outras alterações. O ECG permaneceu inalterado e uma nova amostra de troponina estava elevada em 8.087 ng/L. Um ecocardiograma transtorácico mostrou fração de ejeção preservada (53%), mas com acinesia das paredes inferior médio-basal e inferosseptal, compatível com isquemia localizada. O paciente foi submetido a um cateterismo, que identificou uma obstrução de 99% no segmento proximal da artéria coronária direita, associada a um trombo. Foi realizada com sucesso uma angioplastia com implante de stent farmacológico. Após a angioplastia, o paciente foi monitorado em uma unidade de terapia intensiva, onde foram observados episódios de bloqueio atrioventricular (BAV) de segundo grau Mobitz I e ritmo juncional. O monitoramento com Holter identificou o ritmo juncional como basal, além de ectopia supraventricular moderada (7%), que se resolveu espontaneamente 48 horas após o evento. Um ECG de acompanhamento mostrou ritmo sinusal e uma zona eletricamente inativa na parede inferior. Durante a hospitalização, o paciente evoluiu bem, sem episódios de dor no peito ou instabilidade hemodinâmica, e foi liberado para acompanhamento ambulatorial. Conclusões: Este caso destaca a importância do reconhecimento precoce da SK como um diagnóstico diferencial em pacientes com isquemia miocárdica após exposição a alérgenos. As complicações mais comumente relatadas incluem parada cardíaca, fibrilação ventricular e choque cardiogênico. O manejo da SK é desafiador, pois envolve o controle simultâneo da reação alérgica e da SCA, portanto, a colaboração entre cardiologia e imunologia é essencial para resultados bem-sucedidos.

Palavras Chave:
SÍNDROME DE KOUNIS, SÍNDROME CORONARIANA AGUDA, ISQUEMIA MIOCÁRDICA

Referências: