Código do Trabalho: 109
Categoria: Relato de Caso
Instituição de Ensino: INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DE SANTA CATARINA
Título:
DISSECÇÃO ESPONTÂNEA DE TRONCO DE CORONÁRIA ESQUERDA COM MORTE SÚBITA ABORTADA E NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO PERCUTÂNEA EM PUÉRPERA
Autores:
ANNA CAROLINA RIBEIRO DE OLIVEIRA, RUI PIERI NETO, HELENA DELFINO GUEIRAL, LEANDRO WALDRICH, KELVIN SCHMOELLER ALBERTON, LUIZ GUSTAVO SOUZA CARDOZO, ALEXANDRE DANIEL DE SOUSA DA SILVA, VINICIUS KREPSKY DALMORO, TARCIS SAWAIA EL MESSANE
Tema Livre:
INTRODUÇÃO
A Dissecção Espontânea de Artéria Coronária (DEAC) é uma causa de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) não aterosclerótico. Consiste no surgimento de um hematoma na da túnica média, resultando em compressão do lúmen verdadeiro e isquemia. Há duas hipóteses fisiopatológicas: ruptura endotelial-intimal ou “flap”; e a ruptura de microvasos da túnica média. Existe a associação com fundo genético, doenças do tecido conjuntivo, influência de hormônios sexuais. O quadro clínico é semelhante à da Síndrome Coronariana Aguda (SCA) aterosclerótica, com dor torácica, elevação de enzimas cardíacas e alterações eletrocardiográficas, sendo a principal diferença o fenótipo do paciente. Predomina em mulheres jovens, gestantes ou puérperas, com poucos fatores de risco cardiovasculares habituais. Sua compreensão é importante devido à baixa suspeição clínica nessa população. Pacientes tratados de forma conservadora em geral evoluem bem, com normalização da arquitetura coronariana, sendo preferida a abordagem conservadora. Em comparação à SCA aterosclerótica, os resultados da Intervenção Coronária Percutânea (ICP) são menos previsíveis, com maiores taxas de complicações, porém em apresentações clínicas graves (arritmias ventriculares, choque ou parada cardíaca), é necessário o imediato reestabelecimento do fluxo sanguíneo por meio da revascularização.
DESCRIÇÃO DO CASO
Feminina, 26 anos, branca, cubana, hígida, secundigesta com um aborto prévio, em nono dia de puerpério. Admitida por dor torácica típica há trinta minutos. Eletrocardiograma com corrente de lesão transmural de parede anterolateral e bigeminismo ventricular. Iniciadas medidas para SCA, acionado hemodinâmica. Evoluiu em ritmo de fibrilação ventricular. Realizada desfibrilação com retorno à circulação espontânea, mantendo estabilidade. Coronariografia demonstrou DEAC em transição de Tronco da Coronária Esquerda (TCE) e artéria Descendente Anterior (DA) junto à bifurcação da artéria Circunflexa (Cx), estendendo-se da DA até a artéria Diagonal (Dg). Tentativa de angioplastia com balão sem sucesso, mantendo dissecção extensa e fluxo ruim, sendo necessário implante de stent no TCE para DA, DA para Dg e DA para Cx. Estável durante internação. Ecocardiograma demonstrou função do ventrículo esquerdo reduzida. Recebeu alta hospitalar após seis dias de internação, com dupla antiagregação plaquetária, tratamento de insuficiência cardíaca e dislipidemia.
CONCLUSÕES
O diagnóstico de DEAC precisa ser lembrado diante da apresentação de dor torácica anginosa em mulheres jovens gestantes ou puérperas com poucos fatores de risco cardiovasculares. Este caso compreende um exemplo de manifestação clínica maligna com lesão transmural anterolateral devido a dissecção de TCE e múltiplos vasos, com morte súbita abortada e necessidade de tratamento intervencionista de urgência para restabelecimento do fluxo sanguíneo, destoando da maioria dos casos que podem ser manejados de forma conservadora.
Palavras Chave:
DISSECÇÃO ESPONTÂNEA DE ARTÉRIA CORONÁRIA; INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO; SÍNDROME CORONARIANA AGUDA; PUERPÉRIO; INTERVENÇÃO CORONÁRIA PERCUTÂNEA
Referências:
Hayes SN, Tweet MS, Adlam D, Kim ES, Gulati R, Price JE, Rose CH. Spontaneous Coronary Artery Dissection. J Am Coll Cardiol [Internet]. Ago 2020 [citado 9 mar 2025];76(8):961-84. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jacc.2020.05.084