Código do Trabalho: 108
Categoria: Relato de Caso
Instituição de Ensino: HOSPITAL REGIONAL HOMERO DE MIRANDA GOMES
Título:
MIOCARDIOPATIA HIPERTENSIVA SECUNDÁRIA A HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO: UM RELATO DE CASO
Autores:
ISABELLA RAMOS DE AQUINO, REINALDO ROLDÃO D’AVILA JUNIOR, MARIELA GOULART ADAMES, EDUARDO ROSA DA SILVA
Tema Livre:
Introdução:
O hiperaldosteronismo primário é uma causa subdiagnosticada de hipertensão (1,2), devido sua associação com alta morbimortalidade cardiovascular, inclusive quando relacionado a hipertensão primária com mesmo grau de elevação arterial (3), leva a complicações secundárias, como o desenvolvimento de miocardiopatia hipertensiva, caracterizada pela hipertrofia do ventrículo esquerdo e alterações estruturais e funcionais do miocárdio (4), e por isso, a identificação precoce e o tratamento adequado são fundamentais.
Descrição do caso:
Paciente masculino, 38 anos, em uso contínuo de quatro classes de anti-hipertensivos, internação recente devido urgência hipertensiva, procura atendimento devido epigastralgia em queimação, associado a dispneia aos mínimos esforços e edema de membros inferiores, sem relato de dispneia paroxística noturna ou ortopneia.
Na admissão, sinais estáveis, exceto por 160x70 mmhg. Em regular estado geral, turgência jugular, murmúrio vesicular reduzido, ausculta cardíaca normal, abdome globoso e doloroso à palpação difusa, sem peritonite, perfusão adequada. Eletrocardiograma com inversão de onda T ântero-lateral, em padrão de strain ou isquemia prévia, tomografias com opacidade em vidro fosco em bases, cardiomegalia, aumento do calibre do tronco pulmonar, sinais de anasarca associada à pequena quantidade de ascite, além de BNP 1253, troponina 46, disfunção renal aguda e hipocalemia (persistente desde última internação).
Perante jovem com sinais cardinais de insuficiência cardíaca, hipertensão arterial de difícil controle e hipocalemia, optado por rastreio de hipertensão secundária. Evidenciado uma razão aldosterona-renina de 110 (pré suspensão de drogas), e razão 50 (com medicamentos suprimidos), normetanefrinas e metanefrinas urinárias normais. Ao ultrassom , relação cortico medular preservada, doppler de artérias renais sem sinais de esteatose, tomografia com protocolo para adrenal sem alterações. Optado por ressonância cardíaca, com aumento importante de câmaras, hipocinesia difusa biventricular, áreas de fibrose miocárdica de padrão não isquêmico em segmentos médio-basal e ínfero-septal medial e inferior apical do VE, discreto derrame pericárdico, compatível com miocardiopatia hipertensiva, FEVE 35%.
Diante de miocardiopatia hipertensiva por hiperaldosteronismo primário sem foco, o paciente foi de alta com terapêutica otimizada e encaminhado para acompanhamento ambulatorial de endocrinologia e miocardiopatias, onde atualmente encontra-se em sucesso terapêutico, em aguardo de avaliação de cateterismo de suprarrenais com estímulo de cortrosina para lateralizar a produção aumentada de aldosterona.
Conclusão: Conclui-se a importância do diagnóstico e tratamento precoce do hiperaldosteronismo primário, especialmente devido sua alta morbimortalidade cardiovascular e seu acometimento em pacientes jovens, de modo que a terapêutica otimizada com acompanhamento clínico relaciona-se ao bom prognóstico e longevidade.
Palavras Chave:
HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO, HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA, CARDIOMIOPATIA HIPERTENSIVA
Referências:
1. Vaidya A, Brown JM, Carey RM, et al. A prevalência não reconhecida de aldosteronismo primário. Ann Intern Med 2020; 173:683.
2. Young WF Jr. Diagnóstico e tratamento do aldosteronismo primário: perspectivas clínicas práticas. J Intern Med 2019; 285:126.
3. Monticone S, D'Ascenzo F, Moretti C, et al. Eventos cardiovasculares e danos em órgãos-alvo no aldosteronismo primário em comparação com hipertensão essencial: uma revisão sistemática e meta-análise. Lancet Diabetes Endocrinol 2018; 6:41.
4. McKenna WJ, Maron BJ, Thiene G. Classificação, epidemiologia e carga global de cardiomiopatias. Circ Res 2017; 121:722.