03 a 05 de Abril de 2025

Local: CentroSul
Florianópolis - SC



Código do Trabalho: 104

Categoria: Estudo

Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE




Título:
ACESSO VASCULAR INTRAÓSSEO VERSUS INTRAVENOSO PARA PARADA CARDÍACA EXTRA-HOSPITALAR: UMA META-ANÁLISE ATUALIZADA DE ENSAIOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS


Autores:
LAUREN ZIMMER MARTINS , LUCAS DE OLIVEIRA WOEHL, EMANUEL SCHUMACHER PEREIRA, VANESSA VALGAS DOS SANTOS



Tema Livre:
Introdução: A parada cardíaca extra-hospitalar é uma das principais causas de mortalidade global. Na ressuscitação cardiopulmonar, a administração de fármacos exige um acesso vascular eficiente e preciso. Tanto o acesso intraósseo (IOV) quanto o acesso intravenoso (IVV) são amplamente utilizados, porém sua eficácia e segurança comparativa ainda não estão plenamente estabelecidas. Análises prévias apresentaram limitação quanto a viés, inclusão de diferentes delineamentos metodológicos e ausência de evidências mais recentes provenientes exclusivamente de ensaios clínicos randomizados (ECRs), assim o objetivo deste trabalho foi investigar através da síntese quantitativa da evidência o IOV e o IVV. Métodos: Uma revisão sistemática e metanálise foi realizada. PubMed, Embase e Cochrane foram sistematicamente pesquisados. Os critérios de inclusão foram: (1) ensaios clínicos randomizados; (2) comparando IOV versus IVV para parada cardíaca fora do hospital em (3) pacientes ≥18 anos; e (4) com dados sobre qualquer um dos resultados de interesse. Riscos relativos (RR) com intervalos de confiança (IC) de 95% foram agrupadas com um modelo de efeitos aleatórios. Os desfechos avaliados foram o retorno da circulação espontânea (RCE), função neurológica favorável (pontuação ≤3 na Escala de Rankin modificada ou pontuação ≤2 na Categoria de Desempenho Cerebral) e taxa de sobrevivência. O software R (R 4.4.2) foi utilizado para todas as análises estatísticas. O risco de viés foi avaliado com a ferramenta RoB 2 da Cochrane. Resultados: De 1863 artigos, 5 satisfizeram os critérios de inclusão. Dos 15943 pacientes, 6289 (39,4%) e 9654 (60,6%) foram randomizados para os grupos IOV e IVV, respectivamente. A idade média dos pacientes foi de 68,73 ± 14,17 anos. Os principais medicamentos utilizados nos ECRs foram epinefrina, amiodarona e lidocaína. A abordagem IOV não demonstrou diferença estatisticamente significativa em relação à IVV no RCE geral (RR: 0,90; IC 95% [0,75-1,09]; p = 0,28), nos subgrupos de acesso umeral (RR: 0,98; IC 95% [0,87-1,09]; p = 0,71) ou combinados (RR: 0,76; IC 95% [0,52-1,12]; p = 0,17). Não houve diferença estatística entre o acesso IOV e IVV para função neurológica favorável (RR: 0,98; IC 95% [0,75-1,30]; p = 0,92). A análise conjunta também não demonstrou uma diferença estatisticamente significativa na taxa de sobrevivência geral (RR: 0,81; IC 95% [0,56-1,18]; p = 0,27), em 30 dias (RR: 0,78; IC 95% [0,41-1,46]; p = 0,43), em 90 dias (RR: 1,18; IC 95% [0,86-1,61]; p = 0,30) ou na alta hospitalar (RR: 0,65; IC 95% [0,28-1,51]; p = 0,32). Conclusão: Não houve diferença significativa no RCE, função neurológica favorável e taxa de sobrevivência entre IOV e IVV para pacientes com parada cardíaca extra-hospitalar. Assim, estes achados corroboram com a literatura que apontam o IVV como sendo o padrão de acesso preferencial, pois o IOV não demonstrou vantagem clínica significativa, embora possa ser uma alternativa viável em situações emergenciais.

Palavras Chave:
INFUSÕES INTRAÓSSEAS; INFUSÕES INTRAVENOSAS; META-ANÁLISE; PARADA CARDÍACA EXTRA-HOSPITALAR.

Referências:
1. Myat A, Song KJ, Rea T. Out-of-hospital cardiac arrest: current concepts. The Lancet. 2018 Mar 10;391(10124):970–9. 2. Tabowei G, Dadzie SK, Khoso AA, Riyalat AA, Ali M, Atta MIMSI, et al. Efficacy of Intraosseous Versus Intravenous Drug Administration in Out-of-Hospital Cardiac Arrest: A Systematic Review and Meta-Analysis. Cureus. 2024 Oct 24; 3. Couper K, Ji C, Deakin CD, Fothergill RT, Nolan JP, Long JB, et al. A Randomized Trial of Drug Route in Out-of-Hospital Cardiac Arrest. N Engl J Med. 2025 Jan 23;392(4):336–48. 4. Daya MR, Leroux BG, Dorian P, Rea TD, Newgard CD, Morrison LJ, et al. Survival After Intravenous Versus Intraosseous Amiodarone, Lidocaine, or Placebo in Out-of-Hospital Shock-Refractory Cardiac Arrest. Circulation. 2020 Jan 21;141(3):188–98. 5. Ko YC, Lin HY, Huang EPC, Lee AF, Hsieh MJ, Yang CW, et al. Intraosseous versus intravenous vascular access in upper extremity among adults with out-of-hospital cardiac arrest: cluster randomised clinical trial (VICTOR trial). BMJ. 2024 Jul 23;e079878. 6. Nolan JP, Deakin CD, Ji C, Gates S, Rosser A, Lall R, et al. Intraosseous versus intravenous administration of adrenaline in patients with out-of-hospital cardiac arrest: a secondary analysis of the PARAMEDIC2 placebo-controlled trial. Intensive Care Med. 2020 May;46(5):954–62. 7. Vallentin MF, Granfeldt A, Klitgaard TL, Mikkelsen S, Folke F, Christensen HC, et al. Intraosseous or Intravenous Vascular Access for Out-of-Hospital Cardiac Arrest. N Engl J Med. 2025 Jan 23;392(4):349–60.