Código do Trabalho: 100
Categoria: Relato de Caso
Instituição de Ensino: HOSPITAL UNIMED BALNEÁRIO CAMBORIÚ
Título:
MIOCÁRDIO NÃO COMPACTADO X TRABECULAÇÃO EXCESSIVA EM ATLETAS
Autores:
MARCOS TAMOIO ROCHENBACH, DANIEL MEDEIROS MOREIRA, ALEX OMAIRI, JOÃO ALBERTO KOLB JUNIOR
Tema Livre:
A presença de excesso de trabeculações em exames como Ressonância Magnética Cardíaca (RMC) e Ecocardiograma transtorácico (ECOTT) pode sugerir Miocárdio não compactado (MNC) como doença. No entanto, a trabeculação excessiva em atletas, pode não configurar patologia e sim adaptação ventricular pela intensidade do treinamento.
G.R.P, masculino, 25 anos, atleta praticante de halterofilismo, vem em consulta para mostrar exame de RMC sugestiva de MNC. Assintomático, nega antecedentes cardiológicos familiares e pessoais. Refere episódios de pressão arterial elevada em alguns momentos. Nega medicações.
Exame físico cardiológico normal
ECG: Ritmo sinusal sem particularidades
ECOTT de 02/23 com hipertrofia ventricular esquerda concêntrica leve e DDVE 6.0 SIV 1.2 PPVE 1.2 FE 54%
Teste Ergométrico 02/23 sub-máximo sem alterações isquêmicas e VO2 estimado de 40,5 ml/Kg/min
RM cardíaca 06/24 mostrando discreta dilatação difusa de câmaras esquerdas. Disfunção sistólica biventricular discreta. Ausência de fibrose. Achados compatíveis com MNC.
Solicitado Holter em 08/24 com EV isoladas e novo ECOTT 09/24 com ventrículo esquerdo com aumento leve, porém com massa indexada e função contrátil preservadas. Ausência de critérios ecocardiográficos compatíveis com MNC.
MNC é uma doença rara com patogênese heterogênica, tendo sido mostrada mutações em mais de 40 genes com grande variedade de genótipo1
Os pacientes podem evoluir com insuficiência cardíaca, tromboembolismo ou arritmias ventriculares, incluindo morte súbita.
O diagnóstico é feito por método de imagem sendo o ECOTT o método mais utilizado e o tratamento segue conforme as complicações apresentadas
Ainda não há conhecimento de como o treinamento físico pode alterar o miocárdio para a morfologia de não compactação na população atlética normal.
Estudos recentes revelam uma prevalência maior de trabeculação no ventrículo de atletas quando comparados ao grupo controle2. A presença de trabeculação ventricular como critério ecocardiográfico isolado tem pouca implicação para miocardiopatia e provavelmente pode ser parte do espectro do coração do atleta.
Os achados ecocardiográficos típicos para MNC incluem trabeculações no ventrículo esquerdo proeminentes e recessos intratrabeculares profundos, que são perfundidos pelo doppler. Podemos encontrar disfunção contrátil global e segmentar com redução da fração de ejeção e do Strain longitudinal global.
Critérios diagnósticos como o índice de Peterson considera a razão de não compactação/ compactação superior a 2,3, refletindo excesso de trabeculação miocárdica mas não é exclusivo de MNC3
Em relação a RMC, os critérios para MNC incluem a relação do miocárdio não compactado e compactado maior que 2,3 e massa trabeculada do VE maior que 20% da massa global. Porém, esses achados devem ser valorizados quando na presença de alterações em ECG e dilatação de câmaras cardíacas não justificado pela modalidade de treinamento, sintomas cardiovasculares e redução da fração
Palavras Chave:
TRABECULAÇÃO EXCESSIVA/ ATLETAS/ MIOCARDIO NÃO COMPACTADO
Referências:
1- Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018.
2- Atualização da Diretriz em Cardiologia do Esporte e do Exercício da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e Esporte, 2019.
3- Echocardiografic Comparison Between Left Ventricular Non-Compaction and Hypertrophic Cardiomyopathy, International Journal of Cardiology, 2017.