Código do Trabalho: 10
Categoria: Estudo
Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
Título:
RELEVÂNCIA DO COMPROMETIMENTO CARDIOVASCULAR E MARCADORES PROGNÓSTICOS EM PACIENTES COM COVID-19: UM ESTUDO DE COORTE PROSPECTIVO
Autores:
LARA COLOMBO GOMES, JOÃO VICTOR ROCHA TROMBIM, LETICIA DA SILVEIRA UGIONI, MARIA EDUARDA ROSA FRASSÃO, GABRIELE DA SILVEIRA PRESTES, FELIPE DAL PIZZOL
Tema Livre:
Introdução: Pacientes cardiopatas apresentam risco elevado de complicações e óbito em decorrência da covid-19. Além disso, no estágio tardio da infecção, a lesão cardíaca aguda figura entre as principais manifestações clínicas, associada à insuficiência respiratória. Nesse contexto, o escore Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) cardiovascular, que avalia a gravidade da disfunção circulatória, e a Proteína C Reativa (PCR), que reflete a intensidade da resposta inflamatória sistêmica, atuam como aspectos essenciais na estratificação prognóstica. Assim, o presente estudo teve como objetivo investigar o impacto do SOFA cardiovascular, SOFA total e PCR na mortalidade de pacientes com covid-19 internados em UTI.
Metodologia: Foi conduzido um estudo de coorte prospectivo com 80 pacientes internados com covid-19 em um hospital localizado no sul do estado de Santa Catarina (protocolo 31384620.6.1001.5364). As variáveis analisadas incluíram SOFA cardiovascular e total nos dias 1, 2 e 3 de internação, níveis de PCR nos mesmos dias, idade, sexo, necessidade de ventilação mecânica (VM) e internação em UTI. Foram realizadas análises descritivas para caracterização da amostra e regressão logística binária para identificar preditores de mortalidade, utilizando o software SPSS versão 23.0, considerando p < 0,05 como estatisticamente significativo.
Resultados: A idade média dos pacientes foi 60,3 anos (±13,4 anos), sendo 66,3% do sexo masculino. Do total, 83,8% necessitaram de UTI, 53,8% utilizaram ventilação mecânica e a taxa de mortalidade foi de 45,0%. Os valores médios do SOFA cardiovascular foram 0,41 (D1), 0,37 (D2) e 0,44 (D3), enquanto os valores médios do SOFA total foram 5,23 (D1), 5,13 (D2) e 6,21 (D3). Os níveis de PCR apresentaram médias de 130,7 mg/L (D1), 122,3 mg/L (D2) e 120,8 mg/L (D3). Na regressão logística binária, os principais preditores de mortalidade foram SOFA cardiovascular no D3 (p = 0,023), SOFA total no D2 (p = 0,017), idade (p < 0,001) e uso de ventilação mecânica (p < 0,001). Pacientes com valores elevados de SOFA cardiovascular no D3 apresentaram maior risco de óbito, assim como aqueles com SOFA total mais elevado no D2. Além disso, o uso de ventilação mecânica aumentou em 11,3 vezes o risco de mortalidade (Exp(B) = 11,333). O nível de PCR não se mostrou um preditor significativo de óbito (p > 0,05), sugerindo que a inflamação sistêmica isoladamente pode não ser determinante para a evolução dos pacientes. Da mesma forma, sexo e internação em UTI não foram variáveis significativamente associadas à mortalidade.
Conclusão: Os resultados indicam que a progressão dos escores SOFA ao longo dos dias D2 e D3 é um forte preditor de mortalidade em pacientes hospitalizados com covid-19. Além disso, a disfunção cardiovascular, refletida pelo SOFA cardiovascular, foi um fator crítico para a evolução negativa, sugerindo que o comprometimento cardíaco pode ser um marcador prognóstico relevante em pacientes críticos com covid-19.
Palavras Chave:
COVID-19, MORTALIDADE, SOFA, CARDIOVASCULAR, DISFUNÇÃO HEMODINÂMICA.
Referências: